Iniciativa busca a adesão de dez mil
blogues.
.
Por Alessandra Carvalho.
.TODOS CONTRA O CRACK.
Este é o nome
escolhido pela gaúcha Jana Lauxen, escritora de 24 anos, para uma campanha
virtual contra o CRACK. Lançada sábado, dia 29 de novembro, em sua página
pessoal, a iniciativa busca a adesão de dez mil blogues.
O Rio Grande do
Sul assiste, nos últimos três anos, a uma invasão impiedosa do CRACK, que
deixou as periferias para se infiltrar em uma sociedade que, definitivamente,
não estava preparada para ele.
Desde então
assistimos (ou, em muitos casos, presenciamos), a derrocada moral e social de
crianças, jovens, adultos e idosos, que pelo CRACK roubam, prostituem-se, matam
e, não raras as ocasiões, abandonam casa e família para viver nas ruas, ao lado
de outros ‘nóias’ ou ‘pedreiros’ - como são chamados os
viciados na droga.
Ninguém estava
preparado para o CRACK.
Nem as
autoridades, nem o sistema de saúde, nem as penitenciárias e muito menos nós, a
sociedade.
Não existem
ainda tratamentos eficazes no combate ao CRACK: 90% dos usuários recaem, e
recaem, e recaem, consecutivamente. Não se sabe exatamente como a droga atua no
sistema nervoso de seus usuários, apesar de já termos uma ideia do que ela é
capaz de produzir: nunca houve tantos assaltos, homicídios e suicídios
relacionados ao CRACK.
- Ele subverteu
tudo o que, até então, se conhecia a respeito de drogas, drogados e
tratamentos. Para mudar esta situação, é preciso que haja a adesão de TODOS os segmentos da sociedade,
inclusive aquele onde eu e você estamos confortavelmente instalados – diz a
autora, que teve a ideia de lançar a campanha após assistir, pela milionésima
vez, a notícia de que mais um jovem acabou assassinado por causa da droga.
- Pensei: rapaz...
A coisa tá preta. E não é só na televisão que assistimos notícias devastadoras
sobre a droga. Hoje, a crackolândia se instalou na frente de nossas casas,
quiçá dentro dela. E não podemos ficar de braços cruzados esperando que outros
façam o que cada um de nós deve fazer. Precisamos entrar na luta contra o CRACK,
ou perderemos definitivamente esta guerra. Ou nós o vencemos, ou ele nos
vencerá.
Jana, como
muitos brasileiros, já sofreu na pele a periculosidade do CRACK. Em outubro
deste ano, dois viciados invadiram sua casa, em Carazinho (cidade de 60 mil
habitantes no norte do Rio Grande do Sul), em plena luz do dia, e levaram seus dois
notebooks. Detalhe: Jana e sua família estavam em casa quando tudo aconteceu.
- Eles pularam
um muro de 4 metros ,
saltaram uma cerca e subiram pela minha janela, que tem quase 3 metros de altura. Não
tiveram medo, nem receio, nada, e isso foi o que mais me assustou: eles não têm
nada a perder e por isso se tornam tão perigosos. Na mesma semana, só na minha
rua, houve outros 6 assaltos, cada um mais mirabolante e improvável que o outro.
Não tem fundamento. Não podemos acreditar de verdade que o CRACK não tem nada a
ver com a gente. Eu e minha família tivemos sorte. Poderia ter sido muito pior.
E poderia mesmo.
Os números da
violência produzida pelo CRACK impressionam.
O viciado, na
ânsia desesperada em arrumar mais dinheiro para sustentar seu vício, é capaz de
fazer qualquer coisa – e quando digo qualquer
coisa, me refiro a qualquer coisa mesmo.
- Há mais ou
menos duas semanas fui assistir a uma palestra sobre CRACK, e o palestrante,
Mauro Souza, vice-presidente da Associação do Ministério Público, perguntou a
um público de quase cem pessoas quem ali tinha alguma coisa a ver com o CRACK.
Somente eu levantei a mão. Foi então que percebi que a sociedade precisa se
conscientizar que o CRACK é um problema de todos nós.
Assim, enquanto
escritora e blogueira, Jana resolveu usar as armas que tem em mãos e lançar uma
iniciativa um tanto pretensiosa na rede mundial de computadores: TODOS CONTRA O
CRACK, a primeira campanha virtual contra a droga, busca a adesão de dez mil
blogues e lança um desafio a todos os blogueiros conscientes deste país: escrever
sobre o CRACK, colocar o CRACK em debate, aliar-se a este coro de vozes que,
cada qual a sua maneira, luta para levar conscientização e informação àqueles
que ainda não foram seduzidas pelos prazeres da pedra.
- Para quem já
está viciado, campanhas como esta não devem trazer nenhum resultado significativo.
Eu sei disso. O dependente precisa de tratamento, físico, mental e social, para
vencer seu vício e, ainda assim, olhe lá. Mas podemos trabalhar pela prevenção.
Muitos blogueiros são formadores de opinião, em maior ou em menor grau, e
precisam colocar em pauta assuntos como este. Se não for por cidadania, que
seja por auto-preservação. Onze milhões de pessoas lêem blogues neste país; se
somente uma ler em sua página sobre o CRACK, e sobre por que não deve usá-lo, e
isso a convencer, então já valeu a pena.
Por isso, amigo
blogueiro, acesse a página da campanha TODOSCONTRA O CRACK, pegue seu selo e faça parte desta luta.
Desta luta que é
minha, é sua, e é de todos nós.