sábado, 9 de junho de 2012

Lançada primeira campanha virtual contra o Crack

Iniciativa busca a adesão de dez mil blogues.
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Por Alessandra Carvalho.
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TODOS CONTRA O CRACK.
Este é o nome escolhido pela gaúcha Jana Lauxen, escritora de 24 anos, para uma campanha virtual contra o CRACK. Lançada sábado, dia 29 de novembro, em sua página pessoal, a iniciativa busca a adesão de dez mil blogues.
O Rio Grande do Sul assiste, nos últimos três anos, a uma invasão impiedosa do CRACK, que deixou as periferias para se infiltrar em uma sociedade que, definitivamente, não estava preparada para ele.
Desde então assistimos (ou, em muitos casos, presenciamos), a derrocada moral e social de crianças, jovens, adultos e idosos, que pelo CRACK roubam, prostituem-se, matam e, não raras as ocasiões, abandonam casa e família para viver nas ruas, ao lado de outros ‘nóias’ ou ‘pedreiros’ - como são chamados os viciados na droga.
Ninguém estava preparado para o CRACK.
Nem as autoridades, nem o sistema de saúde, nem as penitenciárias e muito menos nós, a sociedade.
Não existem ainda tratamentos eficazes no combate ao CRACK: 90% dos usuários recaem, e recaem, e recaem, consecutivamente. Não se sabe exatamente como a droga atua no sistema nervoso de seus usuários, apesar de já termos uma ideia do que ela é capaz de produzir: nunca houve tantos assaltos, homicídios e suicídios relacionados ao CRACK.
- Ele subverteu tudo o que, até então, se conhecia a respeito de drogas, drogados e tratamentos. Para mudar esta situação, é preciso que haja a adesão de TODOS os segmentos da sociedade, inclusive aquele onde eu e você estamos confortavelmente instalados – diz a autora, que teve a ideia de lançar a campanha após assistir, pela milionésima vez, a notícia de que mais um jovem acabou assassinado por causa da droga.
- Pensei: rapaz... A coisa tá preta. E não é só na televisão que assistimos notícias devastadoras sobre a droga. Hoje, a crackolândia se instalou na frente de nossas casas, quiçá dentro dela. E não podemos ficar de braços cruzados esperando que outros façam o que cada um de nós deve fazer. Precisamos entrar na luta contra o CRACK, ou perderemos definitivamente esta guerra. Ou nós o vencemos, ou ele nos vencerá.
Jana, como muitos brasileiros, já sofreu na pele a periculosidade do CRACK. Em outubro deste ano, dois viciados invadiram sua casa, em Carazinho (cidade de 60 mil habitantes no norte do Rio Grande do Sul), em plena luz do dia, e levaram seus dois notebooks. Detalhe: Jana e sua família estavam em casa quando tudo aconteceu.
- Eles pularam um muro de 4 metros, saltaram uma cerca e subiram pela minha janela, que tem quase 3 metros de altura. Não tiveram medo, nem receio, nada, e isso foi o que mais me assustou: eles não têm nada a perder e por isso se tornam tão perigosos. Na mesma semana, só na minha rua, houve outros 6 assaltos, cada um mais mirabolante e improvável que o outro. Não tem fundamento. Não podemos acreditar de verdade que o CRACK não tem nada a ver com a gente. Eu e minha família tivemos sorte. Poderia ter sido muito pior.
E poderia mesmo.
Os números da violência produzida pelo CRACK impressionam.
O viciado, na ânsia desesperada em arrumar mais dinheiro para sustentar seu vício, é capaz de fazer qualquer coisa – e quando digo qualquer coisa, me refiro a qualquer coisa mesmo.
- Há mais ou menos duas semanas fui assistir a uma palestra sobre CRACK, e o palestrante, Mauro Souza, vice-presidente da Associação do Ministério Público, perguntou a um público de quase cem pessoas quem ali tinha alguma coisa a ver com o CRACK. Somente eu levantei a mão. Foi então que percebi que a sociedade precisa se conscientizar que o CRACK é um problema de todos nós.
Assim, enquanto escritora e blogueira, Jana resolveu usar as armas que tem em mãos e lançar uma iniciativa um tanto pretensiosa na rede mundial de computadores: TODOS CONTRA O CRACK, a primeira campanha virtual contra a droga, busca a adesão de dez mil blogues e lança um desafio a todos os blogueiros conscientes deste país: escrever sobre o CRACK, colocar o CRACK em debate, aliar-se a este coro de vozes que, cada qual a sua maneira, luta para levar conscientização e informação àqueles que ainda não foram seduzidas pelos prazeres da pedra.
- Para quem já está viciado, campanhas como esta não devem trazer nenhum resultado significativo. Eu sei disso. O dependente precisa de tratamento, físico, mental e social, para vencer seu vício e, ainda assim, olhe lá. Mas podemos trabalhar pela prevenção. Muitos blogueiros são formadores de opinião, em maior ou em menor grau, e precisam colocar em pauta assuntos como este. Se não for por cidadania, que seja por auto-preservação. Onze milhões de pessoas lêem blogues neste país; se somente uma ler em sua página sobre o CRACK, e sobre por que não deve usá-lo, e isso a convencer, então já valeu a pena.
Por isso, amigo blogueiro, acesse a página da campanha TODOSCONTRA O CRACK, pegue seu selo e faça parte desta luta.
Desta luta que é minha, é sua, e é de todos nós.