Por Jana Lauxen.
Há muito ouço pessoas se questionarem sobre como é possível que alguém seja capaz de gostar de futebol. Pior: de amar, e desesperadamente, determinado time.
Como? Por quê?
De que jeito? Com qual objetivo?
“São somente 11
homens suados correndo atrás de uma bola”.
Este livro é
dedicado para estas pessoas, que ainda não descobriram que futebol não são
apenas onze homens suados correndo atrás de uma bola.
Porque futebol é,
em sua essência, puro e simplesmente amor. Amor incondicional. Enorme, imenso,
sublime e incalculável amor.
Exagero meu?
Não. Quer ver por quê?
Você não muda de
time como muda de marido ou mulher.
O amor pelo
clube do coração não termina, a paixão nunca é fogo de palha.
Você perdoa seu
time, mas não perdoa a maioria das pessoas que já te fez sofrer.
Você não se
importa de gastar dinheiro com o seu clube querido; pelo contrário: adora.
Você não cogita
dar mole para outro time só por que o teu time não está olhando.
Você é fiel
durante todo o tempo, e defende sua bandeira como defende poucas coisas em sua
vida.
É ou não é?
Então.
Futebol é muito mais
amor do que nossa vã filosofia pode imaginar.
E é ainda mais.
O futebol é uma
das poucas coisas capazes de unir pessoas de diferentes lugares, de diferentes
origens, de diferentes cores, amores, religiões e classes sociais, todas a
cantar, gritar e torcer pelo mesmo time. Todas buscando o mesmo objetivo:
incentivar seu clube, da maneira que podem, para que ele se encontre com a
vitória, seja dentro, seja fora dos campos.
E o amor de uma
torcida inteira se faz do amor de cada torcedor, e da maneira como ele
demonstra este amor.
E então eu digo:
um esporte que envolve tanto amor não pode ser “somente 11 homens suados
correndo atrás de uma bola”.
O futebol aproxima,
fazendo-nos abraçar o sujeito que está ao nosso lado, e que nunca vimos mais
gordo nessa vida, apenas por que ele está usando a mesma camiseta que a gente
usa; logo, só pode ser gente boa.
Futebol é
alegria, pois não há nada capaz de fazer um amante do futebol vibrar mais do
que um gol de seu time – talvez um gol sofrido pelo seu arquirrival. Até porque,
tocar uma flautinha quando o time rival ao seu perde é alegria típica de quem
ama futebol.
Mas, veja bem:
eu disse “rival”, não disse “inimigo”.
Futebol é festa
e é beleza; não é guerra. Futebol não aceita violência. “Torcedores” assim, escrito
entre aspas, que tratam seu time rival como um time inimigo, não entendem nada
de futebol, e muito menos de amor.
E estamos aqui
falando de futebol e de amor, e nada mais.
A coletânea Literatura Futebol Clube quer celebrar
este amor. Quer transformar este amor em palavras, numa tentativa vã de fazer
compreender o que, de fato, é incompreensível.
Afinal tudo o
que se sente, torna-se difícil de explicar. Mas acreditem: nós tentamos.
Espero, junto dos
escritores-torcedores que ajudaram a dar vida e forma para esta coletânea que,
ao terminar de lê-la, você entenda que tudo o que menos importa no futebol são
os onze homens suados correndo atrás de uma bola.
Apita o árbitro.
Vai começar o
jogo.