Por Sônia de Matos.
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Uma
Carta por Benjamin, livro de estreia da escritora gaúcha Jana Lauxen, caiu em
minhas mãos de maneira despretensiosa.
Foi
deixado em cima da mesa da minha sala, depois que minha irmã mais velha
terminou de lê-lo, dizendo ser
'muito legal'.
Como
não estava em meus planos vir a lê-lo, simplesmente ignorei.
No
entanto, naquela noite, como em tantas outras noites, perdi o sono; em
compensação, ganhei umas boas três
horas na companhia de Benjamin, o protagonista de Jana.
Pois,
sem ter o que fazer, peguei o livro, li a contracapa, folheei algumas páginas,
fui seduzida pelo primeiro capítulo
e, quando dei por mim, já havia passado da metade.
A
história, do sujeitinho comum que passa a receber cartas de uma completa
desconhecida, envolve de uma
maneira pouco convencional, sem apelar para clichês e ganchos que, na verdade,
não passam de truques
para prender o leitor desavisado.
A
história é verdadeiramente interessante.
E
por mais que, em diversos momentos, possamos nos identificar com o personagem,
é a sua história e a trama
na qual submerge que faz você aproximar-se tanto de Benjamin.
A
leitura é leve, mas não vazia. Apesar da linguagem absolutamente coloquial e
simples da autora, capaz de agradar
gregos & troianos, nada falta em conteúdo e engenhosidade.
Leitura
que faz esquecer do mundo, e mergulhar de cabeça em outro
universo, o universo de Benjamin,
o universo de Jana e de suas histórias mirabolantes, mas que, no fundo, são
completamente cabíveis.
Cabíveis até demais.
Jana
reuniu em seu livro de estreia, e com extrema maestria, a improbabilidade da
vida, dos acontecimentos,
das pessoas que vivem ao nosso lado, e também dentro de nós. E o quanto esta improbabilidade
deixa de ser improvável quando acontece.
É
este o momento que vive o protagonista.
A
hora H em que ele percebe que o mundo, as pessoas e ele próprio não estão
pré-definidos nem ordenados, nem
seguem nenhuma lógica racional.
O
mundo e todas as coisas que vivem dentro dele não são monótonos, nem
previsíveis, ao contrário do que ele
imaginou (e nós também?) a vida inteira.
Gostei,
gostei do Benjamin.
Gostei
da autora, e gostei da maneira suave como ela me conquistou.
Impressiona,
talvez, a pouca idade. Pelo que sei Jana ainda não tem 25 - mas nada, absolutamente
nada deixa a desejar
no que tange seu talento e sua incrível capacidade de nos sugar para dentro de
seu mundo.
Leia
Uma Carta por Benjamin.
Mais
de uma vez, de preferência.