sábado, 9 de junho de 2012

Resenha Meu Amigo Benjamin

Por Sônia de Matos.
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Uma Carta por Benjamin, livro de estreia da escritora gaúcha Jana Lauxen, caiu em minhas mãos de maneira despretensiosa.
Foi deixado em cima da mesa da minha sala, depois que minha irmã mais velha terminou de lê-lo, dizendo ser 'muito legal'.
Como não estava em meus planos vir a lê-lo, simplesmente ignorei.
No entanto, naquela noite, como em tantas outras noites, perdi o sono; em compensação, ganhei umas boas três horas na companhia de Benjamin, o protagonista de Jana.
Pois, sem ter o que fazer, peguei o livro, li a contracapa, folheei algumas páginas, fui seduzida pelo primeiro capítulo e, quando dei por mim, já havia passado da metade.
A história, do sujeitinho comum que passa a receber cartas de uma completa desconhecida, envolve de uma maneira pouco convencional, sem apelar para clichês e ganchos que, na verdade, não passam de truques para prender o leitor desavisado.
A história é verdadeiramente interessante.
E por mais que, em diversos momentos, possamos nos identificar com o personagem, é a sua história e a trama na qual submerge que faz você aproximar-se tanto de Benjamin.
A leitura é leve, mas não vazia. Apesar da linguagem absolutamente coloquial e simples da autora, capaz de agradar gregos & troianos, nada falta em conteúdo e engenhosidade.
Leitura que faz esquecer do mundo, e mergulhar de cabeça em outro universo, o universo de Benjamin, o universo de Jana e de suas histórias mirabolantes, mas que, no fundo, são completamente cabíveis. Cabíveis até demais.
Jana reuniu em seu livro de estreia, e com extrema maestria, a improbabilidade da vida, dos acontecimentos, das pessoas que vivem ao nosso lado, e também dentro de nós. E o quanto esta improbabilidade deixa de ser improvável quando acontece.
É este o momento que vive o protagonista.
A hora H em que ele percebe que o mundo, as pessoas e ele próprio não estão pré-definidos nem ordenados, nem seguem nenhuma lógica racional.
O mundo e todas as coisas que vivem dentro dele não são monótonos, nem previsíveis, ao contrário do que ele imaginou (e nós também?) a vida inteira.
Gostei, gostei do Benjamin.
Gostei da autora, e gostei da maneira suave como ela me conquistou.
Impressiona, talvez, a pouca idade. Pelo que sei Jana ainda não tem 25 - mas nada, absolutamente nada deixa a desejar no que tange seu talento e sua incrível capacidade de nos sugar para dentro de seu mundo.
Leia Uma Carta por Benjamin.
Mais de uma vez, de preferência.